Com potencial de gerar 170 vezes mais eletricidade do que a atual matriz brasileira, a energia solar ainda é subaproveitada no país, contribuindo com menos de 1%. Iniciativas pontuais, no entanto, revelam que investir em geração fotovoltaica é cada vez mais necessário e providencial para o Brasil que, além de ser um país tropical com muita irradiação solar, precisa conter gastos. Se o governo federal replicasse em todos os prédios públicos as instalações que cobrem o Ministério das Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a economia seria de pelo menos R$ 200 milhões por ano em energia.
A despesa com eletricidade da administração pública federal no ano passado foi de R$ 2,083 bilhões e em 2016 foi de R$ 2,156 bilhões. O recuo de 3,5% de um ano para outro foi reflexo de algumas medidas de eficiência energética adotadas pelo Executivo, entre elas a instalação de um microgerador fotovoltaico na cobertura do MME. O sistema foi realizado no modelo de acordo de cooperação técnica entre a pasta e a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), sem ônus para o poder público, mas com custos de cerca R$ 500 mil. A potência do microgerador é de 60 quilowatts pico (kWp), que equivale ao consumo de 23 residências de uma família média brasileira, com três a quatro pessoas consumindo 300 kWh por mês.
O presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, estimava que a usina seja capaz de gerar cerca de 7% do consumo do prédio do MME. “Um ano depois, um balanço apontou que contribuiu com 10%, porque os painéis fazem sombra, o que amenizou o calor nos andares mais altos e reduziu o consumo de ar-condicionado”, explica. “A geração solar pode garantir, pelo menos, 10% da energia nos demais prédios públicos, mas em alguns edifícios pode chegar a 90%, se for mais horizontal”, calcula.
No caso da Aneel, que, na última semana de junho, inaugurou a primeira etapa de uma usina fotovoltaica na sede em Brasília, a geração solar vai garantir redução de 20% nos gastos com energia. Com investimento de R$ 1,8 milhão, a usina de minigeração distribuída, com potência instalada de 510,40 kWp, vai gerar uma média de 710 megawatts hora (MWh) por ano através de 1.760 módulos fotovoltaicos que ocupam uma área de 3.580 m². A agência também instalou um autoposto para abastecer carros elétricos.
O superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da Aneel, Ailson de Souza Barbosa, explica que o projeto só foi possível graças à elaboração de um contrato de desempenho, pioneiro no setor público e com potencial de expansão para outros órgãos. A obra foi incluída no Projeto de Eficiência Energética (PEE) da Companhia Energética de Brasília (CEB), que aportou os recursos para instalação do sistema.
“O contrato é de ganha-ganha porque há o retorno do recurso, sem nenhuma gratuidade. Por enquanto, fizemos só o bloco H. Daqui a um mês devemos concluir mais dois blocos. A partir daí teremos economia de 20% em cima do consumo atual, que deve ser reduzido com outras medidas, como a otimização dos sistemas de ar-condicionado e de iluminação”, diz. Para Barbosa, a Aneel está dando o exemplo para o setor público com a instalação da usina. “O contrato de desempenho deve atrair o interesse de outros órgãos”, aposta.
Fonte: em.com.br